terça-feira, 22 de maio de 2012

AMEAÇAS À GEODIVERSIDADE E ESTRATÉGIAS DE GEOCONSERVAÇÃO


1. Ao Encontro da Definição de Geodiversidade
Antes da reflexão sobre as ameaças à Geodiversidade e Estratégias de Conservação vale recordar que o termo Geodiversidade é, relativamente, recente.  Surge por ocasião da Conferência de Malvern sobre a Conservação Geológica e Paisagística realizada em 1993. Para efeitos desta reflexão acolhemos a definição, ainda que com ligeiras alterações, proposta pela Royal Society For Nature Conservation do Reino Unido: Geodiversidade responde a variedade de ambientes geológicos, fenómenos e processos activos que dão origem a paisagens, rochas, minerais, fósseis, solos e outros depósitos superficiais que são o suporte para a vida na terra.

2. Ameaças à Geodiversidade

As ameaças à Geodiversidade ocorrem a vários níveis e em diversas escalas e graus.
·        A Exploração de Recursos de Geológicos
Inevitavelmente, as actividades de exploração de recursos naturais conduzem, sobretudo, quando não precedidas de estudos interdisciplinares à destruição da Geodiversidade.
Ao nível da paisagem, a exploração ao céu aberto sem estratégias de mitigação ou minimização de impactes ambientais negativos afectam o valor estético da paisagem natural.
Ao nível do afloramento, a actividade extractiva põem em causa os objectos geológicos de valor científico, pedagógico, etc. Danifica e destrói as formações e estruturas rochosas que tenham algum valor particular.
A exploração de inertes, a modo de exemplo, sem regras, nos leitos de rios e nas zonas costeiras com a consequente retirada do material dos ciclos naturais de transporte e sedimentação pode ter efeitos, extremamente, graves a curto ou médio prazo. A exploração de areia em zonas costeiras, sobretudo, nesta fase de reconstrução de Angola, provoca alterações no equilíbrio natural do meio originando processos de erosão acelerada. Indirectamente, a actividade extractiva pode provocar problemas de contaminação de recursos hídricos, superficiais e subterrâneos, destruição da flora e fauna locais com consequências nefastas ao nível da produtividade dos solos. As grandes obras induzem impactes negativos sobre a Geodiversidade. A circulação de viaturas pesadas pode provocar abatimentos nas delicadas estruturas cársicas. A infiltração de óleos e combustíveis derramados e, posteriormente, lavados pelas águas das chuvas pode contaminar os recursos hídricos subterrãneos que, por definição, são muito sensíveis em zonas ou regiões cársicas.
·        Depósito do Lixo em Espaços abertos
Em muitas partes de Luanda o lixo é depositado a céu aberto e em locais impróprios. As grandes obras de engenharia feitas ao longo do litoral são uma grande ameça à Geodiversidade. Portanto, essas actividades humanas interferem na dinâmica dos processos naturais como ocultam as caracteristicas geológicas locais.
·        A Agricultura Intensiva/Industrializada
A agricultura intensiva e industrializada pode causar um impacte negativo sobre os solos (erosão, uso intensivo de adubos da qualidade das águas .
·        A actividade  Militares em Zonas Sensíveis
Ocorrem situações em que o uso de artilharia ou maquinaria pesada, bombardeamentos, o abandono de munições no terreno são responsáveis, também, pela destruição da qualidade dos solos e águas superficiais
·        Actividades Recrativas e o Turismo
É importante, evitar de carros do tipo todo-o-terreno em locais sensíveis e com solos fráfeis como as dunas ou zonas montanhosas podem romper o delicado equilibrio destas estruturas geológicas. As visitas a grutas acarreta, algumas vezes, à destruição das frágeis estruturas cársicas. Assim é também, as activdades de escalada em determinadas zonas que podem ter efeitos negativos na estabilidae da própria escarpa. A construção e campos de golfe em espaços frágeis em sede de recursos hídricos constitui outra ameaça.
·        A Iliteracia Cultural
Esta ameaça é apontada como a mais preocupante, pois, muitas pessoas desconhecem os efeitos da sua acção sobre o meio em que vivem ou trabalham desferindo sem tal consciência golpes irreversiveis à Geodiversidade.

3. Estratégias de GeoConservação

A melhor forma de reverter o quadro da destruição ou mitigar os efeitos da acção humana sobre a Geodiversidade é produzir uma estratégia interdisciplianar ou conjunta no sentido de sensibilizar o poder político, os técnicos de diferentes ramos e especialidades, o público em geral e as empresas para a necessidade de conservação da Geodiversidade. Aliás, é importante, traçar estratégias de responsabilização.
 A estratégia avançada segundo a nossa fonte cumpre os seguintes momentos:
a) Inventariação de geossítios, sobretudo, aqueles que tenham características de excepção, de forma sistemática;
b) Quantificação ao nivel internacional, nacional, regional ou local e determinação do seu valor ou relevância;
c) Classificação;
d) Valorização e divulgação;
e) Monitorização de tal modo que sejam acompanhadas todas as etapas que permitam ter uma percepção mais concreta das modificações dos geossítios.

4. Referências Bibliográficas
1. BRILHA, José. Património Geológico e Geoconservação. A Conservação da Natureza na sua Vertente Geológica (2005) Braga. Patimage Editores. ISBN:972-8575-90-4, in http://www.dct.uminho.pt/docentes/pdfs/jb_livro.pdf
2. GRAY, M. (2004) –Geodiversity: Valuing and Conservation Abiotic Nature. John Wiley and Sons, Chichester, England 434.






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