1. Ao Encontro da Definição de Geodiversidade
Antes da
reflexão sobre as ameaças à Geodiversidade e Estratégias de Conservação vale
recordar que o termo Geodiversidade é, relativamente, recente. Surge por ocasião da Conferência de Malvern
sobre a Conservação Geológica e Paisagística realizada em 1993. Para efeitos
desta reflexão acolhemos a definição, ainda que com ligeiras alterações, proposta
pela Royal Society For Nature Conservation do Reino Unido: Geodiversidade
responde a variedade de ambientes geológicos, fenómenos e processos activos que
dão origem a paisagens, rochas, minerais, fósseis, solos e outros depósitos
superficiais que são o suporte para a vida na terra.
2. Ameaças à Geodiversidade
As ameaças à
Geodiversidade ocorrem a vários níveis e em diversas escalas e graus.
·
A Exploração de Recursos de
Geológicos
Inevitavelmente,
as actividades de exploração de recursos naturais conduzem, sobretudo, quando
não precedidas de estudos interdisciplinares à destruição da Geodiversidade.
Ao nível da
paisagem, a exploração ao céu aberto sem estratégias de mitigação ou
minimização de impactes ambientais negativos afectam o valor estético da
paisagem natural.
Ao nível do
afloramento, a actividade extractiva põem em causa os objectos geológicos de
valor científico, pedagógico, etc. Danifica e destrói as formações e estruturas
rochosas que tenham algum valor particular.
A exploração
de inertes, a modo de exemplo, sem regras, nos leitos de rios e nas zonas
costeiras com a consequente retirada do material dos ciclos naturais de
transporte e sedimentação pode ter efeitos, extremamente, graves a curto ou
médio prazo. A exploração de areia em zonas costeiras, sobretudo, nesta fase de
reconstrução de Angola, provoca alterações no equilíbrio natural do meio
originando processos de erosão acelerada. Indirectamente, a actividade
extractiva pode provocar problemas de contaminação de recursos hídricos,
superficiais e subterrâneos, destruição da flora e fauna locais com
consequências nefastas ao nível da produtividade dos solos. As grandes obras
induzem impactes negativos sobre a Geodiversidade. A circulação de viaturas
pesadas pode provocar abatimentos nas delicadas estruturas cársicas. A
infiltração de óleos e combustíveis derramados e, posteriormente, lavados pelas
águas das chuvas pode contaminar os recursos hídricos subterrãneos que, por
definição, são muito sensíveis em zonas ou regiões cársicas.
·
Depósito do Lixo em Espaços abertos
Em muitas
partes de Luanda o lixo é depositado a céu aberto e em locais impróprios. As grandes
obras de engenharia feitas ao longo do litoral são uma grande ameça à
Geodiversidade. Portanto, essas actividades humanas interferem na dinâmica dos
processos naturais como ocultam as caracteristicas geológicas locais.
·
A Agricultura Intensiva/Industrializada
A agricultura
intensiva e industrializada pode causar um impacte negativo sobre os solos
(erosão, uso intensivo de adubos da qualidade das águas .
·
A actividade Militares em Zonas Sensíveis
Ocorrem
situações em que o uso de artilharia ou maquinaria pesada, bombardeamentos, o
abandono de munições no terreno são responsáveis, também, pela destruição da
qualidade dos solos e águas superficiais
·
Actividades Recrativas e o Turismo
É importante,
evitar de carros do tipo todo-o-terreno em locais sensíveis e com solos fráfeis
como as dunas ou zonas montanhosas podem romper o delicado equilibrio destas
estruturas geológicas. As visitas a grutas acarreta, algumas vezes, à
destruição das frágeis estruturas cársicas. Assim é também, as activdades de
escalada em determinadas zonas que podem ter efeitos negativos na estabilidae
da própria escarpa. A construção e campos de golfe em espaços frágeis em sede
de recursos hídricos constitui outra ameaça.
·
A Iliteracia Cultural
Esta ameaça é
apontada como a mais preocupante, pois, muitas pessoas desconhecem os efeitos
da sua acção sobre o meio em que vivem ou trabalham desferindo sem tal consciência
golpes irreversiveis à Geodiversidade.
3. Estratégias de GeoConservação
A melhor
forma de reverter o quadro da destruição ou mitigar os efeitos da acção humana
sobre a Geodiversidade é produzir uma estratégia interdisciplianar ou conjunta
no sentido de sensibilizar o poder político, os técnicos de diferentes ramos e
especialidades, o público em geral e as empresas para a necessidade de
conservação da Geodiversidade. Aliás, é importante, traçar estratégias de
responsabilização.
A estratégia avançada segundo a nossa fonte
cumpre os seguintes momentos:
a)
Inventariação de geossítios, sobretudo, aqueles que tenham características de
excepção, de forma sistemática;
b)
Quantificação ao nivel internacional, nacional, regional ou local e
determinação do seu valor ou relevância;
c)
Classificação;
d)
Valorização e divulgação;
e)
Monitorização de tal modo que sejam acompanhadas todas as etapas que permitam
ter uma percepção mais concreta das modificações dos geossítios.
4. Referências Bibliográficas
1. BRILHA,
José. Património Geológico e Geoconservação. A Conservação da Natureza na sua
Vertente Geológica (2005) Braga. Patimage Editores.
ISBN:972-8575-90-4, in http://www.dct.uminho.pt/docentes/pdfs/jb_livro.pdf
2. GRAY, M.
(2004) –Geodiversity: Valuing and Conservation Abiotic Nature. John Wiley and
Sons, Chichester, England 434.
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