quinta-feira, 10 de maio de 2012

CONCEITOS DE GEODIVERSIDADE, GEOCONSERVAÇÃO E PATRIMÓNIO GEOLÓGICO

    
1. O CONCEITO DE GEODIVERSIDADE
Fig. 1. Parque da Quissama
O conceito de geodiversidade é composto por dois vocábullos: Do grego, gê significa terra + o vocábulo latino diversitate, diversidade. Entende-se como um conceito integrador que engloba todos os materiais e fenómenos que definem a essência da terra e o modo como ela se transforma e evolui. O conceito de geodiversidade foi introduzido nos anos de 1990 (Sharples, 1993) no sentido de estabelecer uma analogia com o termo biodiversidade para salientar o facto de que a natureza é composta por duas fracções, a biótica e abiótica. A origem do termo geodiversidade está associada à Conferência das Nações Unidas do Rio de Janeiro em 1992. Para Gray (2004-2008) que geodiversidade é uma abreviação de “diversidade geológica e geomorfológica” o termo surge por ocasião da Conferência sobre a Conservação Geológica e Paisagística em 1993 no Reino Unido. O primeiro livro dedicado de forma expressa a esta temática foi publicado em 2004 sob o título: “Geodiversity: valuing and conserving abiotic nature” de Autoria de Murray Gray do Departamento de Geografia da Universidade de Londres.

                                                                                              
Vários autores têm procurado definir o termo geodiversidade, particularmente, os especialistas da Europa e da Austrália. Enquanto, para alguns o conceito de geodiversidade se limita ao conjunto de rochas, minerais e fósseis, para outros o conceito é mais alargado integrando mesmo as comunidades de seres vivos.
                                                               Fig. 2. Vista do Kicombo
A Associação Européia para a Conservação do Património (Progeo) define a geodiversidade como “a variedade de ambientes geológicos, fenómenos e processos activos   geradores de paisagens, rochas, minerais, fósseis, solos e outros depósitos superficiais que constituem a base para a vida na terra”. Esta definição é perfilhada pela Royal Society for Nature Conservation do Reino Unido. Stanley (2004) também não foge muito a essa definição: “variedade de ambientes, fenómenos e processos geológicos que produzem paisagens, rochas, minerais, solos e outros depósitos superficiais formadores do arcabouço que sustenta a vida na terra.

Koslowski (2004) para si geodiversidade é a “variedade natural da superfície da terra, em seus aspectos geológicos, geomorfológicos, de solos e águas superficiais, bem como outros sistemas resultantes de processos naturais ou actividades humanas. Para Serrano Cañadas e Ruiz Flaño (2007) essa visão é mais ampla e integradora, cobrindo toda a diversidade de partículas, elementos e sítios que materializam a variabilidade da natureza abiótica. Acrescentam a esse conceito elementos litológicos, tectónicos, geomorfológicos, pedológicos, hidrológicos e topográficos, além de processos fisicos na superficie da terra, nos mares e nos oceanos.

2. CONCEITO DE GEOCONSERVAÇÃO
Fig. 3. Namibe
Entre os especialistas a definição de Geoconservação ainda não é consensual. O termo decorre de um longo processo de preocupações relativas à necessidade de protecção da natureza. Segundo Lebreton (1971) e Diegues (2001) é na segunda metade do Século XIX que surge o conceito de protecção da natureza ligado mais a valores estéticos do que a valores científicos. Nisso, em vários países foram adotados sistemas próprios de áreas protegidas que são entendidas como porções de um determinado território, limitadas e legalmente, instruidas pelo poder público, criadas para proteger tanto o património natural como o cultural.

Sharples (2002) resume o conceito de geoconservação: “A geoconservação tem como objectivo a preservação da diversidade natural (ou geodiversidade) de significativos aspectos e processos geológicos (substracto), geomorfológicos (formas de paisagem) e de solo, mantendo a evolução natural (velocidade e intensidade) desses aspectos e processos”. Outros autores entendem, em sentido amplo, a geoconservação como sendo uma gestão sustentável de toda a geodiversidade englobando todo o tipo de recursos geológicos. Em sentido restrito a geoconservação é acolhida como a conservação de certos elementos da geodiversidade que evidenciem qualquer tipo de valor, superlativo, isto é, cujo valor se sobrepõe à média.
Para Sharples (2002) os principais objectivos da Geoconservação são:

1. Conservar e assegurar a manutenção da geodiversidade;
2. Proteger e manter a integridade dos locais com relevância em termos de geoconservação;
3. Minimizar os impactos adversos dos locais importantes em termos de geoconservação;
4. Interpretar a geodiversidade para os visitantes de áreas protegidas;
5. Contribuir para a manutenção da biodiversidade e dos processos ecológicos dependentes da geodiversidade.

3. O CONCEITO DE PATRIMÓNIO GEOLÓGICO
Fig. 4. 
O Património Geológico define-se como o conjunto dos geossítios inventariados e caracterizados numa dada área ou região. O Património Geológico integra todos os elementos notáveis que constituem a geodiviersidade, englobando, por conseguinte, o Patrimonio Paleontológico, o Património Mineralógico, o Património Geomorfológico, o património Petrológico, o Património Hidrogeológico, entre outros. Partindo do conceito de património Choay (2001) associa a definição de Património Geológico à herança ou aquilo que é transmitido de geração para geração com adjectivos que remetem para o carácter nómada do conceito.

Rivas (2001) define o Património Geológico como os recursos naturais não renováveis de valor científico, cultural, educativo ou de interesse paisagístico e recreativo, que sejam formações rochosas, estruturas, geoformas, acumulações sedimentares, ocorrências minerais, paleontológicas e outras que permitam reconhecer, estudar e interpretar a evolução da história geológica da terra e os processos que a têm modelado.
                                                                                   Fig. Primeiro Templo Católico na Região Austral_ Angola 
Para Billet (1994) o conceito de Património Geológico é difícil determinar. Concebe o património como um valor colectivo não financeiro e relacionado à memória. Para si, o património geológico constitui os traços geológicos da história da terra, a memória do passado do planeta terra.
Para Salvan (1994) o Património geológico é a constituição de sítios de interesse particular do ponto de vista estratigráfico ou tectônico que são definidos por seu conteúdo mineral ou fossilífero.
Para Ayala –Carcedo (2000) o Património Geológico, em sentido restrito, pode ser classificado em tectónico, estratigráfico, geomorfológico e  mineralógico.

4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
                                                                                   
1. GRAY, M. (2004) – Geodiversity: valuing and conserving abiotic nature. John Wiley and Sons, Chichester], England, 434 p. www.dct.uminho.pt/docentes/pdfs/jb_livro.pdf. Consulta feita a 6.05-12
2. Azevedo, de Úrsula Ruchkys (2207) Belo Horizonte, Património Geológico e Geoconservação no Quadrilátero Ferriféro, Minas Gerais. Potencial para a Criação de um Geoparque da UNESCO. www.geoturismobrasil.com/artigos/tese%20cap1-6.pdf. Consulta feita a 6.0512
3. BORBA, de André Weissheimer – Geodiversidade e Geopatrimónio com bases para Estratégias de Geoconservação: conceitos,    abordagens, Métodos de avaliação e aplicabilidade no contexto do Estado do Rio Grande do Sul. http://www.pesquisasemgeociencias.ufrs.br/3801/01-3801.pdf. Consulta feita a 7.05.12

Bernardo Castro, 1005214 MCAP

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